Deputado Federal José Reinaldo, esteve junto com a comitiva maranhense em missão na China. Foto: Divulgação
O motivo principal da minha ida à China foi convencer os chineses a investir no Maranhão. E investir em um projeto de suma importância, pois tem enorme potencial de criar milhares de empregos novos. Fui tratar, como já havia feito antes no Irã e na Índia, das parcerias empresariais para a realização dos projetos da refinaria e do polo petroquímico em nosso estado.
A primeira vez em que estive em Pequim foi em 1992. A China estava no começo de seu assombroso desenvolvimento. Havia uma febre de crescimento que acabava por misturar sinais evidentes de riqueza, como arranha-céus, hotéis, restaurantes e automóveis de luxo, com famílias morando em tendas nas calçadas e procurando vender montanhas de melancias. A China ainda tinha muitos pobres, e grandes desafios por resolver. Um dos que mais preocupavam os seus dirigentes era o êxodo rural para as cidades que estavam experimentando grande desenvolvimento. Planejaram criar cinturões de agroindústrias na área rural, criando empregos para diminuir a ameaça de uma grande migração desordenada para as cidades que não tinham como receber tanta gente, sim, pois estamos falando de milhões de pessoas sem quase nenhuma habilitação para essas novas oportunidades de emprego.
O transito era caótico, com uma mistura desorganizada entre bicicletas, riquixás, automóveis e caminhões que eram dirigidos sem obedecer as regras de trânsito. As bicicletas, aos milhares, levavam mobílias e a família inteira num equilibrismo improvável.
Hoje Pequim é uma cidade moderna, organizada, limpa, com trânsito controlado, rica e bonita. A única coisa inalterada nesses 25 anos, é a terrível poluição, ainda por resolver.
Estive lá a convite do presidente Temer que foi para a reunião dos BRICS, formado pelas iniciais dos nomes dos quatro países formadores- Brasil, Rússia, índia e China e mais a África do Sul, admitida depois.
A agenda presidencial previa encontro com as três maiores autoridades da China e a assinatura de 22 acordos de cooperação entre os dois países. É preciso contextualizar o grande interesse que o Brasil representa tanto para o governo quanto para os empresários chineses. E paralelamente aconteceu um grande encontro com ministros de diversas áreas e empresários chineses, para discutir oportunidades de investimento no nosso país. Esse encontro foi organizado pela APEX do Ministério das Relações Exteriores e foi um sucesso.
Valeu muito a ida a China, pela quarta vez. Entre os 22 atos assinados pelos presidentes estava um terminal portuário em São Luís, privado, um investimento da W Torre com apoio financeiro da China. Durante a reunião da APEX foi assinado um acordo para investimento da CBSteel, empresa siderúrgica chinesas e o Governo do Maranhão para a implantação de uma siderúrgica no estado, um investimento de cinco bilhões de dólares. Esse investimento já tinha feito parte de atos assinados pelos dois governos durante a primeira visita de Temer àquele país como presidente.
Eu fui a China com o intuito de me encontrar com o presidente da Sinopec Engineering (Group) Co, Ltd, Sr. Xiang Wenwu para apresentar os projetos da refinaria e do polo petroquímico de Bacabeira. A Sinopec é uma das maiores empresas de engenharia do mundo, estatal, principalmente habilitada nas áreas de refinarias de petróleo e petroquímicos. Essa reunião aconteceu na tarde de sexta-feira na sede da empresa com sr. Xiang, com o Gerente Geral, Sr. Chen Xiaodong, e assessores. Ele já conhecia o projeto, que é muito bom, tecnicamente e economicamente, e foi muito receptivo. Houve primeiro uma muito bem fundamentada informação técnica do projeto por parte dos empresários que nos acompanharam com uma troca de ideias com a Sinopec, que foi seguida de inserções, minha e de Brandão, mostrando a completa segurança jurídica tanto da parte dos governos estadual e federal para os investidores. Quando foi a vez do presidente da empresa falar ele começou dizendo que não havia momento melhor para discutir a refinaria do Maranhão na China do que naquele momento. E continuou elogiando o projeto e sugerindo logo a assinatura de Documento de Entendimento entre os empresários e a Sinopec, Esse documento vai estabelecer o futuro contrato a ser assinado entre as partes, definido os padrões técnicos e financeiros do empreendimento. A presença do Irã no projeto facilita para os chineses, parceiros de longa data, a viabilização do projeto, de 28 bilhões de dólares. Esse trabalho vai ser acompanhado de perto pelos empresários e por nós, tal a sua importância para o Maranhão. Para ganhar tempo, a ideia, aceita pelos chineses, é aproveitar um projeto similar já pronto, adapta-lo para nossas condições, e avançar rapidamente. A Sinopec já realizou 28 projetos de refinaria em todo o mundo, é especializada no assunto.
Saindo de lá, colocamos o presidente Temer e o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, que esteve conosco no Irã e na Índia, e conhece o projeto, a par das nossas tratativas com a Sinopec
E ficou decidido que o ministro sairia da China para Teerã e colocaria os iranianos a par do que estava sendo decidido, para ganharmos tempo. E assim foi feito.
Para concluir participei em Xiamen, na China, do encontro dos BRICS, uma entidade que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que são economias complementares e que tem pauta permanente de união para o desenvolvimento desses países e que agora criou o Novo Banco de Desenvolvimento, um forte instrumento de financiamento para apoiar os projetos aprovados. Além de um conselho empresarial, que reúne empresários de todos esses países, e que só no Brasil reúne cerca de 200 empresários e tem como presidente pelo lado brasileiro o presidente da Embraer, presente ao encontro.
Para termos ideia do que representa essa união, vamos mostrar os números que representam os BRICS: população- 3,107 trilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial. PIB- 16,89 trilhões de dólares, quase do tamanho do PIB dos EUA e cerca de 30% do PIB mundial. Só o comércio bilateral com a China, desses países, atinge 218,5 bilhões de dólares. A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil com 67,7 bilhões de dólares em 2016.
Maior parceiro para o nosso projeto é sem dúvidas a China. Creio que a viagem atingiu os objetivos pretendidos.