
Presidente da Fiema, Edilson Baldez destaca o comportamento do empresário maranhense frente à crise. Foto: Divulgação/Fiema
O Portal Maranhão Negócios traz uma entrevista exclusiva com o presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema) e do Conselho Deliberativo do Sebrae-MA, o empresário Edilson Baldez das Neves, que falou sobre o momento atual da economia do Maranhão, o comportamento dos empresários maranhenses frente à conjuntura da indústria brasileira e dos “sinais verdes” de que o setor começa a demonstrar recuperação.
Para Edilson Baldez, o mercado de trabalho também começa a apresentar índices positivos: “por três meses seguidos mostra crescimento no saldo líquido de emprego formal, até mesmo na construção civil, em que a situação era muita mais crítica. Em julho último, por exemplo, de 1.200 novas vagas na construção civil, quase 900 foram criadas na construção de edifícios, o que é animador”, afirma o empresário.
À frente da presidência da Fiema desde 2008, Edilson Baldez encontra-se em seu terceiro mandato. É engenheiro civil, formado pela Escola de Engenharia do Maranhão, e empresário do setor de construção civil e hotelaria.
PMN – Qual leitura a Fiema faz do Maranhão neste momento atual da economia?
O Maranhão, como todas as demais Unidades da Federação, sofre os efeitos da crise econômico-financeira a que foi levado o País, em um espaço de tempo tão curto. E – diga-se de passagem – em alguns grandes estados, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, por exemplo, o quadro é dramático. No Maranhão, pelo menos, o Governador Flávio Dino conseguiu manter em dia o pagamento dos servidores estaduais, e isto ajudou a reduzir o impacto sobre a demanda dos consumidores.
PMN – Muito se tem falado em crise econômica e retração na economia, como o empresário maranhense tem buscando contornar essa situação?
As crises econômicas são, quase sempre, cíclicas. E o que varia é a extensão dos ciclos e, como estes, as crises têm começo e fim. Não há registro de ciclo eterno. Assim como, não há poço sem fundo. Portanto, há sempre uma saída a exigir as alternativas para que ela seja encontrada. No caso atual, o comportamento dos empresários maranhense tem sido variável de acordo com a capacidade de acúmulo de resultados que suas empresas tenham gerado nos “tempos bons”, promovendo despoupanças, reduzindo a capacidade de utilização dos equipamentos instalados, promovendo campanhas de marketing, de modo a assegurar o mínimo possível e suportável do mercado. É verdade que alguns investimentos novos são feitos no sentido de aproveitar nichos de mercado criados com a própria crise ou oportunidades que não foram fechadas por ela.
PMN 3 – Quais os setores mais sensibilizados com a retração econômica?
Sem dúvida, o setor industrial da construção civil foi o mais afetado e não somente no estado do Maranhão, porque, de um lado, é um segmento que depende das políticas públicas voltadas para a habitação, para o saneamento, para a infraestrutura de transportes e, do outro, depende das políticas de crédito para o setor, que não têm sido favoráveis por conta das altas taxas de juros.
A construção é um setor muito sensível, pois suas demandas provocam efeitos sobre um grande contingente de outras atividades produtivas, principalmente matérias primas e insumos (areia, pedras, cimento, ferro, tintas, etc). Isto para não falar na desocupação de mão-de-obra, pois é um setor de alta ocupação.
PMN – Há sinais verdes de recuperação na economia Nacional e do Maranhão em sua opinião?
Sinais há, tanto no que se refere à atividade produtiva, em todos os setores, como em termos do mercado de trabalho. A inflação está em retração, até porque a demanda agregada foi reduzida com a elevação do endividamento das famílias. O mercado de trabalho por três meses seguidos mostra crescimento no saldo líquido de emprego formal, até mesmo na construção civil, em que a situação era muita mais crítica. Em julho último, por exemplo, de 1.200 novas vagas na construção civil, quase 900 foram criadas na construção de edifícios, o que é animador.
É preciso, entretanto, que essa evolução se sustente por mais três meses, para que se possa admiti-la como ritmo de recuperação e os investimentos voltem a crescer. Para isso, é imprescindível que se promovam as reformas anunciadas, tornando confiáveis os ambientes de negócios.
PMN – O governo tem anunciado novos programas para o setor empresarial, isso tem atraído mais empresas locais e de fora?
Qualquer novo programa, desde que seriamente concebido e gerido, tem capacidade de atrair investidores locais e de fora do estado. Mas, não basta só atrai-los. É necessário que seus investimentos tenham efeitos multiplicadores, dentro do estado do Maranhão, atraindo novas empresas que dependam dos seus produtos e que estimulem as empresas locais a serem seus fornecedores, criando, assim, um fluxo circular de renda, emprego e arrecadação dentro do território maranhense, beneficiando sua gente.
Estamos assistindo, no Maranhão, a implantação progressiva do projeto de energia eólica, em Paulinho Neves; o avanço da exploração de gás em Santo Antônio dos Lopes; a expansão da linha de produção de celulose e papel. Estes projetos precisam convergir para uma atuação sinérgica. Por exemplo: temos a exploração do gás natural, de um lado, e, do outro, temos empresas elaborando produtos que consome muita energia (celulose e papel, siderurgia, cerâmica, cimento, etc). Por que não integrar tudo? O Maranhão e o Brasil sairiam ganhando.